16 de agosto de 2015

TOQUE DE RECOLHER, desde 1990 ou mais!


Quantos não estudaram e não souberam depois aonde ir?
Quantos não quiseram ser mais do que funcionário de mercadinho, de prefeitura?
Quantos não puderam sair, tentar lá fora?
Quantos não envelheceram e tudo é do mesmo jeito?
Quantos não esperam mais do que gestores populares e carismáticos?
Quantos hoje, fecharam suas portas mais cedo por medo do que está acontecendo lá fora?
Quantos essa semana ou esse mês, foram roubados ou amedrontados a roubo?
Quantos vão ser assassinados ou nem tanto assim, só levarão um tiro ou uma facada?
Quantos vinte e cinco anos a mais, serão necessários pra que alguém possa salvar essa cidade, esse povo, essas almas?
(Ode à Angelim III)

Cenário: uma cidade que tinha tudo pra ser agradável
Personagens: por volta de 10 mil pessoas em estado de zumbi
Enredo: todos caminham pra lugar algum.
(Ode à Angelim II)

BOMBA, numa cidade do interior - Rádio "Mesmos Tempos" por Jorge Santos, o fofoqueiro da Rua Limeira



A filha de Zé, que é casado com dona Quiteria da farinha, aquela que é irmã de Zuza do bojão, que trabalha mais seu Diná na granja, sabe? Pois pronto, a menina depois que foi estudar fora e se meteu naqueles negócios de fazer macacada pros outros, voltou esses dia pra visitar os pobres dos pais, que tanto fizeram por aquela menina desde que ela nasceu adoentada da cabeça... Pois num é que a menina já chegou dizendo pra que veio! Minha gente, a condenada num foi pega colando uns cartazes esculhambando a cidade! Resumo de conversa, só sei que hoje de manhã o pai foi levá-la embora e antes disso, bem cedinho do dia, ela ainda teve a ousadia de pichar no muro daquela padaria do centro, uma frase sem sentido nenhum, pelo menos pra mim, dizendo: CIDADE SEM COR. Com uma letra bem grande!
Reparem mesmo! Entenderam esse negócio de "cidade sem cor"? Olhe, é cada uma viu! Mas aquela menina nunca me enganou, desde pequena já dizia pra que veio!


(Ode à Angelim I)