6 de novembro de 2013

Quando se sente amor



Depois da saída dos filhos de casa, do jardim, das roupas e do pudo bem cuidados, Ana pensou se ainda era possível ser amada, ainda que seu marido nunca estivesse em casa a não ser na hora de dormir. 
De frente ao espelho dançava em lágrimas "My way", abraçada ao vestido azul cetim mergulhou nas lembranças de sua mocidade: sentiu falta de sua feição sedosa e de como ficavam os seios no decote. Nesse dia aromatizou o quarto de lavanda, trocou os lençóis e ascendeu o abajur que antes só era utilizado naquelas noites especiais. Deitou, sabendo que nem tão cedo o marido chegaria e entregou-se a si mesma. Sentiu pela primeira vez, desde o rompimento do hímen, uma magia lhe envolvendo a alma de uma tal forma que repetiu tudo para comprovar que aquilo não era sonho. E antes de adormecer, decidiu que a partir de amanhã seria a mulher mais amada do mundo.

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