20 de outubro de 2013

Por uma boca, eu





Uma boca desgraçou a minha vida.
Não era sua inteligência, seu modo de discursar, seus seios à mostra, nem o sexo que de vez em quando eu nos imaginava fazendo, era sua boca que me excitava. E por eu não dormir, à noite permitia-me tocar por mim, pôr-me os dedos. Por uma boca eu não queria aquele que dormia ao meu lado, ele não era páreo para ela, ele não era homem o bastante. Todas as convicções, a crença religiosa, o amor eterno, minha opção sexual, os planos de filhos e um lar jardinado tinham se esvaído, derreteram-se naquela boca na hora em que a fixei. Não sabia de minha vulnerabilidade, mas nem me controlei, nem tentei, eu nem quis.

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